Cirurgia Bariátrica

A cirurgia bariátrica é uma alternativa para o controle da ingestão de alimentos, pelo domínio mais efetivo da saciedade e pela redução do apetite e que, por meio de uma dieta controlada, modifica favoravelmente o perfil metabólico1,2. A ocorrência da perda do excesso de peso

se mostra especialmente acentuada nos primeiros meses e depois se torna mais gradativa. Quando o peso é estabilizado, inicia-se a fase de manutenção, em que o objetivo é manter o controle do peso e, mediante o acompanhamento próximo e o seguimento das orientações pós-operatórias da equipe multidisciplinar, a maior parte dos pacientes recupera pouco peso nos próximos anos após o tratamento cirúrgico3.

 

É necessário lembrar que a decisão para a realização de qualquer procedimento cirúrgico para tratar a obesidade deve ser definida após total esclarecimento e reflexão por parte do paciente, juntamente aos familiares, bem como do médico de confiança e da equipe multidisciplinar.

 

A cirurgia bariátrica é um procedimento que envolve riscos e mudanças definitivas no aparelho digestivo. Diante de dúvidas, mais informações sobre o assunto podem ser acessadas no website da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM): www.sbcbm.org.br.

 

Critérios para indicações cirúrgicas

No Brasil, as indicações da cirurgia bariátrica e os tipos de procedimentos cirúrgicos são regulamentadas de acordo a Resolução 2.131/2015 (12 de novembro de 2015) do  Conselho Federal de Medicina (CFM)4:

 

Índice de Massa Corpórea (IMC)*

• Pacientes com IMC* acima de 40 kg/m².

• Pacientes com IMC maior que 35 kg/m² na presença de comorbidades  que ameacem a vida, tais como: diabetes, apneia do sono, hipertensão arterial, dislipidemia, doenças cardiovasculares, incluindo doença arterial coronariana, infarto de miocárdio (IM), angina, insuficiência cardíaca congestiva (ICC), acidente vascular cerebral, hipertensão e fibrilação atrial, cardiomiopatia dilatada, asma grave não controlada, osteoartroses, hérnias discais, refluxo gastroesofágico com indicação cirúrgica, colecistopatia calculosa, pancreatites agudas de repetição, esteatose hepática, incontinência urinária de esforço na mulher, infertilidade masculina e  feminina, disfunção erétil, síndrome dos ovários policísticos, veias varicosas e doença hemorroidária, hipertensão intracraniana idiopática (pseudotumor cerebral), estigmatização social e depressão.

 

* O Índice de Massa Corpórea (IMC) é calculado por meio da fórmula:

 

(Peso (kg))

(altura x altura (m2))

 

 

Obesidade estabelecida conforme os critérios acima, com tratamento clínico prévio insatisfatório de, pelo menos, dois anos.

IMC =

Idade

• Entre 18 e 65 anos.

• Adolescentes com 16 anos completos e menores de 18 anos poderão ser operados, mas além das exigências anteriores, um pediatra deve estar presente na equipe multiprofissional e deve ser observada a consolidação das cartilagens das epífises de crescimento dos punhos. Aos menores de 16 anos, a cirurgia será permitida somente em caráter experimental e dentro dos protocolos das Comissões de Ética em Pesquisa (CEP) e/ou Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).

• Pacientes acima de 65 anos poderão realizar a cirurgia respeitadas as condições gerais elencadas para o procedimento, além de avaliação individual  por equipe multidisciplinar, considerando o risco-benefício, risco cirúrgico, presença de comorbidades, expectativa de vida, benefícios do emagrecimento, além da escolha do procedimento,considerando limitações orgânicas da idade.

 

Precauções para indicação da cirurgia

• Não uso de drogas ilícitas ou alcoolismo.

• Ausência de quadros psicóticos ou demenciais graves ou moderados.

• Compreensão, por parte de paciente e familiares, dos riscos e mudanças de hábitos inerentes a uma cirurgia de grande porte sobre o tubo digestivo e da necessidade de acompanhamento pós-operatório com a equipe multidisciplinar, em longo prazo.

 

A presença de equipe multidisciplinar na avaliação pré-operatória, o manejo das comorbidades e os cuidados pós-operatórios consistem em critérios técnicos fundamentais para a realização da cirurgia bariátrica.

 

Tipos de cirurgia bariátrica

Atualmente, as cirurgias bariátricas podem ser divididas em técnicas:

• Restritivas – Limitam o volume de alimentos que o estômago é capaz de comportar na refeição e diminuem a velocidade da taxa de esvaziamento gástrico.

• Disabsortivas – Desviam parte do intestino, gerando diminuição do local de absorção de nutrientes.

• Mistas – Associam, em parte, o componente restritivo, pela limitada capacidade de ingestão alimentar, a um desvio intestinal menor, com discreta disabsorção de alimentos.

 

 

 

Referências

1 Fried M, Yumuk V, Oppert JM, Scopinaro N, Torres AJ, Weiner R, et al. Interdisciplinary European Guidelines on metabolic 38 and bariatric surgery. Obes Facts. 2013;6(5):449-68.

2. Laddu D, Dow C, Hingle M, Thomson C, Going S. A review of evidence-based strategies to treat obesity in adults. Nutr Clin Pract. 2011;26(5):512-25.

3. Sarwer DB, Dilks RJ, West-Smith L. Dietary intake and eating behavior after bariatric surgery: threats to weight loss maintenance and strategies for success. Surg Obes Relat Dis. 2011;7(5):644-51. 4. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM nº 2.131/2015. Diário Oficial da União. 2015 12 Nov.

Bypass gástrico
em Y de Roux

Esôfago

Trajeto do bolo alimentar

Novo reservatório gástrico

Fígado

Secção gástrica

Estômago excluído
do trânsito digestivo

Alça jejunal utilizada

para o bypass

Pequeno reservatório gástrico, de cerca de 30 mL, é preservado e desviado diretamente ao jejuno. O restante do estômago permanece na cavidade abdominal, desfuncionalizado, excluído do trânsito digestivo.

É, destacadamente, o método mais consagrado na cirurgia bariátrica.

Gastroplastia vertical -

Redução de estômago

Novo reservatório gástrico

Secção gástrica

Porção gástrica
ressecada

Trajeto do
bolo alimentar

O estômago é seccionado, desde o antro até próximo à cárdia, sendo sua capacidade reduzida em 80%, a cerca de 150-200 mL. O restante do órgão é ressecado.

Proposta mais recentemente, a operação tem apresentado resultados animadores.

Banda
gástrica

Banda gástrica

Válvula implantada

no subcutâneo, de fácil acesso, para aumentar ou reduzir a

compressão da banda

Dispositivo distensível de silicone, envolvendo a porção proximal do estômago, reduz o reservatório

gástrico efetivo, proporcionando saciedade precoce. O volume líquido da banda é ajustável para mais ou para menos ao longo do tempo, através de válvula implantada no subcutâneo, de fácil acesso por punção.

Não tão eficiente para a perda de peso e para o controle metabólico, apresenta como vantagem a completa preservação visceral digestiva.

Referências:
Elder KA, Wolfe BM. Bariatric surgery: a review of procedures and outcomes. Gastroenterology. 2007 May;132(6):2253-71. » Nguyen NT, Slone JA, Nguyen XM, Hartman JS, Hoyt DB. A prospective randomized trial of laparoscopic gastric bypass versus laparoscopic adjustable gastric banding for the treatment of morbid obesity: Outcomes, quality of life, and costs. Ann Surg. 2009 Oct;250(4):631-41.  Trastulli S, Desiderio J, Guarino S, Cirocchi R, Scalercio V, Noya G, et al. Laparoscopic sleeve gastrectomy compared with other bariatric surgical procedures: a systematic review of randomized trials.
Surg Obes Relat Dis. 2013 Sep-Oct;9(5):816-29.

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