Mostra virtual e atividades educativas

A Ocupação Laerte se estende ao site do instituto com um hotsite, uma revista que analisa e ressalta a sua trajetória e percurso, e um audiovisual com testemunhos de seus parceiros. Tem também uma série de atividades paralelas, organizados pelo Núcleo de Educação e Relacionamento.

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Ocupação virtual e atividades educativas paralelas

O vasto mundo de Laerte, com seu atual transgenerismo, sua anterior passagem pela contra-cultura, as ilustrações de um livro infantil, suas produções e atuações sindical e política e demais faces da cartunista, extrapolam o espaço físico do instituto e sobem para o seu site (www.itaucultural.org.br).

 

Além do hotsite que naturalmente acompanha a Ocupação física, o Itaú Cultural publica uma revista virtual que revela muito do labirinto criado por Laerte, com tiras, desenhos, um ensaio fotográfico, além de textos que analisam tanto a pessoa quanto o seu trabalho. A psicanalista Letícia Lanz, também mestre em sociologia e economista, assina O gênero entre pernas, orelhas e braços onde se debruça na questão da transgeneridade a partir da artista. “Apesar das impropriedades e desacertos em torno dessa identidade de gênero, Laerte é hoje reconhecida como um dos principais ícones do mundo transgênero no Brasil”, escreve ela.

 

Maria Clara Carneiro, membro do grupo Grena (Groupe de Recherche sur le Neuvième Art), da Sorbonne, fala da Contra-cultura ao contra-quadrinho. O jornalista Eduardo Conti, que trabalha na editora Companhia das Letras com literatura brasileira e quadrinhos, reflete sobre o Artista sem auge, e, por fim, revela: “A obra do Laerte me permite, todos os dias, esse entendimento involuntário. Ela está além da minha compreensão, mas me encara com paciência, serenidade e perdão recíproco.”

 

A revista apresenta, ainda, a fábula do Minotauro, datilografada por Laerte ainda nos tempos das máquinas de escrever, traz um texto de seu filho Rafael, uma seleção das tirinhas do tempo sindical, dos Piratas do Tietê, histórias curtas, outras da juventude. A revista virtual apresenta dois ensaios fotográficos exclusivos: No armário de Laerte, em que ela foi fotografada por André Seiti com suas bijuterias, sandálias, vestidos, texturas, cabelos longos, caras e bocas, em um apartamento no Centro de São Paulo. Fotografado por Rafel Roncato, Na boleia do caminhão, interage com o Minotauro.

 

Um audiovisual, locado também no site do instituto, traz o testemunho de parceiros de Laerte em todos os tempos e de sua irmã, Marilia. Angeli fala não somente de sua estreita amizade e dos projetos que realizaram juntos – incluindo Glauco, morto a tiros em 2010 –, como também de sua admiração pela displicência e genialidade do traço e criações da quadrinista.

Sérgio Gomes, jornalista e diretor da OBORÉ, trata de suas participações no movimento sindical, nas revistas Banas, O Bicho, Placar, Pasquim e simultaneamente no jornal Gazeta Mercanti. Ele faz revelações pouco conhecidas deste período, de 1978 a 1987. O editor Toninho Mendes lembra quando criaram a editora Circo, que publicou a primeira história de Piratas do Tietê.

 

O diretor de teatro Naum Alves de Souza adaptou A noite dos palhaços sobre roteiro de Juliano Lucas, diretor de um curta sobre esta HQ de Laerte, e fala com poesia do traço de Laerte que dialoga com o teatro, a dança, as artes visuais. Zelito e Ciça Alves Pinto também falam sobre a artista. “Deita e rola nas neuras das pessoas”, diz o caricaturista e ilustrador.

 

Atividades educativas paralelas

Para estimular o público certamente inspirado por Laerte, o núcleo de Educação e Relacionamento do Itaú Cultural instalou um grande painel de MDF com bobina de papel próximo à entrada do instituto, em que o público poderá desenhar na parte exposta. A ideia é que os visitantes se aproximem da linguagem do desenho e experimentem este espaço como forma de comunicação. As bobinas desenhadas serão um presente a Laerte.

 

Pensando ainda em ativar a participação do público, os educadores convidam a todos para um jogo investigativo que tem como objetivo ser instrumento de descoberta e de criação de novos roteiros de visita dentro do espaço expositivo. Com o Dobra-Dobra, os visitantes podem explorar a exposição de uma forma diferente, descobrindo um pouco mais sobre a produção de Laerte a partir de perguntas reflexivas e pontos de observação dentro da Ocupação. Este jogo integra a publicação e está encartado dentro do folder da Ocupação Laerte.

 

Uma Batalha de Quadrinhos compõe esta programação paralela, com o público sendo convidado a participar de uma disputa em que cada participante desafia o outro por meio de desenhos elaborados a partir de temas sorteados durante o jogo. Os desenhos produzidos integrarão uma galeria virtual no site e no facebook do Itaú Cultural.

 

Em um Cantinho da Leitura, o público conta com uma seleção especial do acervo de literatura infanto-juvenil da Biblioteca do Itaú Cultural. Em parceria com a Ocupação Laerte, especialmente em outubro – todos os finais de semana do mês, a partir das 14h –, oferece também Gibis e HQs disponíveis para leitura.