Zeca Baleiro canta Hilda Hilst

O cantor e compositor maranhense foi convidado a interpretar, pela primeira vez para o grande público, os poemas de Ode descontínua e remota para flauta e oboé – De Ariana para Dionísio, da escritora paulista musicados por ele a pedido da escritora; a apresentação marca a abertura da Ocupação Hilda Hilst, no Itaú Cultural, em sua homenagem

NO AUDITÓRIO IBIRAPUERA - OSCAR NIEMEYER

Quando Zeca Baleiro gravou o seu primeiro disco, Onde andará Stephen Fry? (Universal, 1997), pediu a um amigo em comum que o entregasse a Hilda Hilst. Ela retribuiu enviando um disquete com toda a sua obra poética e a proposta de se tornarem parceiros. O resultado foi o álbum Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé, de Ariana para Dionísio. Lançado em 2006, o CD reúne poemas dela, musicados por ele, e é todo interpretado por vozes femininas. No sábado, dia 28 de fevereiro, às 21h, o artista canta as músicas ao vivo pela primeira vez para o grande público, com a própria voz, ao lado do violonista Swami Jr., que produziu o álbum com Baleiro e Walter Costa.

 

Naquele disquete de Hilda, o músico descobriu os 10 poemas de Ode descontínua e remota para flauta e oboé, um dos capítulos do livro Júbilo, memória noviciado da paixão. “Resolvi musicá-los e mostrei a Hilda, que adorou”, lembra ele. “Então pensamos em fazer o CD só com cantoras.” O disco foi lançado em fevereiro de 2006, pelo selo criado pelo cantor, Saravá Discos, com Zélia Duncan, Verônica Sabino, Ná Ozzetti, Maria Bethânia, Ângela RoRo, Rita Ribeiro, Olívia Byington, Mônica Salmaso, Jussara Silveira e Ângela Maria, algumas delas sugeridas por Hilda.

A poeta morreu antes do disco ficar pronto, mas acompanhou todo o processo de criação e aprovou as canções, que Baleiro lhe mostrou em uma demo com a sua própria voz e em algumas visitas que fez à Casa do Sol, em Campinas, construída por ela e onde morou e recebeu amigos e intelectuais por 35 anos, até o fim da vida.

 

Marcando a abertura da Ocupação Hilda Hilst, na manhã do mesmo dia 28, no Itaú Cultural – instituição que gere o Auditório Ibirapuera em parceria com a Secretaria Municipal da Cultura – o show é totalmente dedicado à poeta. As músicas deste repertório não têm nome, são apresentadas como Canção I até Canção X, igual aos capítulos de um livro. Elas parecem feitas para ler, mais do que para ouvir. Assim, estão em harmonia com o desejo da poeta, que não cansava de repetir: “quero ser lida”. E também vão ao encontro da proposta da curadoria da exposição no instituto na Paulista de desmitificar a premissa que ela é uma escritora cujos textos são difíceis de serem entendidos.

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